quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Balanço das leituras de 2016

Olá pessoal, olha eu sumida aqui! Vim fazer uma breve postagem sobre as leituras do ano de 2016, e aproveitando o embalo vou dar umas dicas de série e filmes que assisti nesse ano e que gostei bastante. 

Fiz uns gráficos que caracterizam um pouco as leituras que fiz esse ano, vamos me acompanhar?


Gráfico 1 - Esse gráfico diz um pouco sobre os gêneros literários dos livros que li, com forte predominância dos romances (lembrando que um romance não diz respeito a livros românticos, que são coisas distintas)


Gráfico 2 - Esse gráfico mostra a quantidade de livros que li em cada mês do ano, sendo que abril foi o mês com a maior quantidade de livros lidos, e dezembro a menor quantidade.





Gráfico 3 - Com relação à nacionalidade dos autores lidos, o Brasil ganha disparado com 41 livros lidos, seguido dos EUA (15), e França e Inglaterra(6)



Gráfico 4 - Esse gráfico mostra a procedência do livro lido, com as opções de Biblioteca, Internet (Download), Próprio ou emprestado; com predominância dos livros próprios (39%), e logo em seguida com livros da biblioteca (38%)



Gráfico 5  - Gênero dos autores, infelizmente li muito mais autores homens do que mulheres, mas pretendo reverter essa situação nos próximos anos.




Gráfico 6 - Suporte de leitura: ebooks x livro físico. Sendo que 80 % das leituras foram em livros impressos, e apenas 20% em ebooks,







LISTAS
(Não há uma ordem certa, então não necessariamente o item que estiver me primeiro será realmente o primeiro lugar. A ideia aqui foi destacar algumas obras de arte que ganharam meu coração.

TOP 10 Leituras:
1 - Admirável mundo novo - Aldous Huxley
2 - O vôo da guará vermelha - Maria Valéria Rezende
3 - A festa de Babette - Karen Blixen
4 - Deus é meu camarada - Cyril Massarotto
5 - Maus - Art Spiegelman
6 - Persépolis - Marjane Sartrapi
7 - Todos nós adorávamos caubóis - Carol Bensimon
8 - Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queiróz
9 - A cabeça do Santo - Socorro Acioli
10 - À noite andamos em círculos - Daniel Alárcon

TOP FILMES assistidos 2016

1 - O quarto de Jack
2 - Palmeiras na neve
3 - E agora, aonde vamos?
4 - A vida dos outros
5 - Thelma e Louise
6 - Em nome de Deus
7 - Entrando na linha
8 - Ela
9 - O físico
10 - Uivo


TOP Séries
1 - Orphan Black
2 - Outlander
3 - The 100
4 - House of cards
5 - Black Mirror
6 - Narcos


É isso aí, muito difícil fazer uma seleção, mas espero que nos próximos anos essa disputa continue ainda mais acirrada por ótimas fontes de cultura :)
Um beijo a todos e até o ano que vem,

domingo, 9 de outubro de 2016

Comentários sobre o livro: "O vôo da guará vermelha"


Boa descoberta ao acaso define bem o encontro com esse livro, que lá da prateleira do sebo me fisgou, piscou pra mim e não teve jeito, levei. Li, amei. A autora tem uma escrita simplesmente maravilhosa, poética, cativante e envolvente. Os dois protagonistas nos cativam com suas histórias, suas realidades. Rosálio e Irene. O primeiro, pedreiro. A segunda, prostituta infectada pela Aids. Características essas simplistas demais para demonstrar a complexidade de cada um. Ambos se encontram um dia. Rosálio precisava de alguém que o ouvisse, e  Irene buscava alguém que a desejasse de verdade. E desde o primeiro encontro, um demonstrou a possibilidade de completar aquilo que faltava no outro. Rosálio sonhava em ler e escrever, desde pequeno, mas a vida foi ingrata com ele sem nunca ensiná-lo. O que ele tinha era amor pelas histórias, e histórias reais e inventadas que faziam completar a vida já sem esperança de pessoas como a Irene. Irene sabia ler e escrever, e pôde realizar o sonho de Rosálio. Quase todos os dias eles se encontravam, Irene o ensinava a escrita e Rosálio a agradecia com suas histórias. E assim a vida cinza dos dois foi ganhando cor, preenchida a cada capítulo por títulos como: cinzento e encarnado, roxo e branco, vermelho e prata, azul e amarelo. Muito bonito de ver como é dado valor na palavra, nas narrativas orais e também nas escritas, em como é possível vidas e mundos inteiros se transformarem com a mágica das palavras. Uma ode à literatura, às histórias e à educação.

Maria Valéria Rezende foi um presente muito bom nesse ano, deixando um gostinho de quero mais com suas palavras:

"Enquanto eu era pequeno, não sabia que era triste a minha vida, nãp imaginava outra e por isso não podia saber da minha desgraça. Pois a desgraça é assim, se a gente não sabe nem fala que ela está ali presente, ela quase não existe e já depois que se disse ainda é preciso tempo, contar tudo muitas vezes, pra poder pegar o jeito de se sentir infeliz."

"não diga tanta besteira que o amor não é assim, o amor é como menino que não sabe fazer contas nem de perda nem de ganho, vive descautelado, não tem lei, não tem juízo, não se explica nem se entende, é charada e susto, mistério. "

"Rosálio atende, contente, o pedido da mulher, porque relembrar sua vida lhe permite reviver, agora sem dor, de longe, as coisas que aconteceram e descobrir seus sentidos, cada vez vendo mais fundo o mundo como ele é."

domingo, 2 de outubro de 2016

Livro: "O coração das trevas"e o filme "Apocalypse now"






O livro O coração das trevas faz parte da coleção da Folha, Grandes Nomes da Literatura. Na semana em que chegou a mim, resolvi fazer a leitura, pois além de ser um livro curtinho (111p.), o autor (Joseph Conrad) foi considerado um dos caras pra se ler antes de morrer. E o resultado foi... que me arrastei bastante nessa leitura, demorei mais do que o planejado, não porque o livro era tão bom que me fizesse querer degustar cada palavra, mas num sentido não tão favorável. Na minha cabeça o autor prometeu tamanho horror em meio à selva, mas enquanto leitora não consegui chegar a esse nível de horror prometido. Então fui procurar o filme para assistir. Depois de muito pesquisar, encontrei em um Sebo da minha cidade. 
Apocalypse now é um filme de 1979, dirigido por Francis Ford Coppola e inspirado no livro O coração das trevas. O que diferencia o livro do filme é que o contexto do livro diz respeito à exploração de marfim e outros no continente africano, já o filme se contextualiza na Guerra do Vietnã. O filme vai contar a história do capitão Willard, que recebe uma missão secreta de encontrar o coronel Kurtz e matá-lo, sob o pretexto deste ter-se utilizado de métodos não humanos para matar, além de estar "descontrolado" psicologicamente. Ao longo de sua viagem em uma pequena embarcação pelo rio Nung, o capitão Willard vê muita insanidade e insensatez na Guerra do Vietnã. Vê tantas coisas horríveis que começa a se questionar sobre o motivo de sua missão para com o coronel Kurtz, que passou a ser considerado um deus pelos montanheses e nativos, que o adoravam e veneravam. 
A premissa do filme e do livro é realmente muito boa, questiona o que é ou não permitido em uma Guerra, o que é normal ou anormal, mostra o horror que o homem é capaz de fazer em um contexto de Guerra, em uma selva em que tudo pode acontecer. E nos faz uma indagação: Kurtz estava louco, insano ao se deixar permitir ser venerado pelos nativos? Seria mesmo ele o louco, esquecendo-se da loucura maior que era a Guerra? O quão irônica poderia ser essa missão que envolve a moral, mas o que é a moral em uma Guerra?
O filme em minha opinião foi bem melhor do que o livro (está aqui uma das exceções em que isso acontece). Mas, ainda assim, em meu míope olhar de leiga leitora e espectadora, faltou algo que eu não sei definir o que é. Mas é uma história que vale a pena ser conhecida. 


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Comentários sobre o livro "Uma, duas" de Eliane Brum



Pode conter SPOILERS!

Uma, duas, romance de estreia da jornalista Eliane Brum. A história permeia a vida de uma mãe (Maria Lúcia) e uma filha (Laura), escrita com letras vermelhas, literalmente e também simbolicamente. O vermelho das letras representa toda a dificuldade que há na relação dessas duas personagens. O livro sangra sentimentos e ressentimentos, sangra raiva, sangra o sangue da filha que se corta desde menina. 
É um livro forte, um livro com cenas pesadas e permeadas de ódio, um livro que me deixou sem fôlego e, muitas vezes, sem palavras, apenas sentindo junto com as personagens. Nos perguntamos ao início qual o motivo de tanto peso nessa relação mãe-filha? Primeiro nos é apresentados os fatos na versão escrita pela filha. Também de um narrador x. E depois a mãe se revela também com sua voz. E aos poucos a história vai abrindo suas cortinas. Uma relação conturbada desde o princípio, mas também uma relação de amor e ódio, algo doentio para quem vê de fora, mas também com certeza para quem está dentro, um mundo de duas que são uma só, que querem MUITO serem libertas, mas não podem, estão presas por um cordão umbilical. 
A escrita tem um papel muito importante para as personagens. A filha decidiu ser jornalista, quem sabe para poder escrever. Escrevia sobre a vida dos outros, mas agora escreve e sangra a sua própria história. A mãe, após descoberta uma grave doença, começa a escrever sobre sua história, antes da filha vir ao mundo. E depois com a filha. E fica bastante claro uma coisa: somos todos vítimas de vítimas, e tentar achar um culpado por quem somos, talvez seja perda de tempo, apesar de fazer sentido.

"O que eu quero dizer é que não é porque a gente não saiba como fazer as coisas do jeito certo que a gente não ame. Eu não sabia qual era o jeito certo de amar, só isso. Como eu poderia? Não, não estou querendo absolvição nem compaixão [...] mas, gostando ou não, eu também sou filha deste mundo."

Livro diferente das histórias comuns, Eliane Brum nos brinda com sua excelente escrita. Recomendo! 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Comentários sobre Persépolis, de Marjane Satrapi


Pode conter Spoilers!

E não é que os quadrinhos estão ganhando meu coração? O final de semana foi dedicado à leitura de Persépolis, da iraniana Marjane Satrapi. Terminada a leitura da HQ, parti para o filme, Obviamente com relação à adaptação, houve algumas mudanças na história, porém não muito relevantes. A essência continuou a mesma, e ambos são maravilhosos e expressivos.

Para contextualizar a história, trago aqui a sinopse que encontrei no site Skoob:

Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa.
Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares.
Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.


Bom, em uma HQ de aproximadamente 350 páginas, e com o tempo de leitura aproximado de três horas, são abordados tantos assuntos que é difícil saber por onde começar. Mas comecemos:

Contexto político e social do Irã: Convenhamos. é muito difícil o entendimento da História dos países do Oriente Médio, do contexto e das guerras que foram e são vivenciadas até hoje. Marjane, nessa HQ quase autobiográfica consegue simplificar um pouquinho para nós a História do Irã, a revolução que teve início em 1979 e o regime xiita que foi implementado no país. Nascida nesse contexto, Marjane vai nos escancarar sua vida e de seus familiares, seu sonho por revolução, por liberdade, e toda a rotina que foi mudada com a Guerra e com o regime xiita. Isso implicou em milhares de mortos, de presos políticos - inclusive familiares próximos - em proibições das mais absurdas para ambos os sexos, mas claro, principalmente, para o sexo feminino. As mulheres foram proibidas de sair de suas casas sem usar um véu na cabeça (e usá-lo da maneira "correta", sem que apareçam nem um centímetro dos cabelos, pois estes chamam a atenção dos homens, podendo levá-los ao pecado!). As escolas separaram meninas de meninos; homens e mulheres não poderiam ser vistos juntos nas ruas, muito menos andar de mãos dadas ou fazer demonstrações de afeto se não fossem casados e não andassem com a Certidão de Casamento para provar isso. Tudo passou a ser feito e ensinado em nome da "fé", do extremismo, usando a vontade de Deus como desculpa para tantas coisas absurdas e abusivas, contrárias à liberdade, esta, já esquecida pelo povo iraniano. Festas e bebidas alcóolicas também foram proibidas, sendo presos quem os fizesse ou mantivesse em suas casas. Além disso, Marjane nos mostra a Guerra e suas consequências, as mentiras contadas pela mídia ao povo, a falta de alimentos nos supermercados, a necessidade de esconderijos subterrâneos que protegessem o povo das bombas e dos ataques aéreos, as milhares de mortes e de mártires da guerra, A pressão e os problemas eram tanto externos quanto internos, e muitas crianças foram separadas de seus pais para tentar viver em outros países em busca de melhores condições. Assim, Marjane foi mandada para a Áustria com apenas 14 anos, sozinha, em busca de um futuro melhor.

Sair de casa e viver longe da família/ na adolescência: Marjane teve essa experiência duas vezes. A primeira quando foi à Áustria, sem ter opção. As condições para uma adolescente no Irã eram péssimas. Marjane se viu sozinha em um país distante, tendo que se virar e fazer amizades. Aos poucos conheceu pessoas, teve namorados, usou drogas, se frustrou, foi expulsa de pensões e moradias, dormiu na rua, conheceu o fundo do poço. Soube voltar para casa, pedindo para que não fizessem perguntas. Receberam-na de braços abertos. Anos depois, quis voltar a viver fora, na França. Preparou-se pra isso, e já sabia que viver longe daqueles que se ama em busca da liberdade tem um preço (um preço alto - em sua despedida foi a penúltima vez que vira sua avó).

Mulheres na sociedade: Vi em uma entrevista com a autora que a intenção dela não era fazer uma história feminista, mas simplesmente contar a sua história. E como ela era mulher, sim, consequentemente mostrou as injustiças que viviam e ainda vivem as mulheres daquele país. Proibidas de mostrar os cabelos, de usar maquiagem, de fazer demonstrações em público, de participarem de festas, de consumir bebidas alcóolicas e por aí vai.


Mulheres, coragem e enfrentamento. Arrasou, Marjane! Já sou sua fã.



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Comentários sobre o livro: A invenção de Morel - Adolfo Bioy Casares

  

 CONTÉM SPOILER!

Um homem fugitivo da Venezuela chega em uma ilha deserta, que contem três construções abandonadas: uma piscina, um "hotel-museu" e uma capela. Quando fica sabendo da existência dessa ilha, lhe informaram que todos que lá estiveram estavam mortos, porém, insistiu. Todo dia, como narra em seu relato, há muito trabalho a se fazer na ilha: buscar alimento, fugir da maré, sobreviver. 
Sua rotina é alterada quando percebe que chegam pessoas nessa ilha, vários turistas. Uma se destaca em seu olhar: a morena Fantine. Nosso personagem começa a espiar secretamente esses visitantes, tentando ao máximo não ser visto. Começa a observar Fantine, solitária em certos finais de tarde, observando o mar. Às vezes, acompanhada de um homem, Morel (tais vezes lhe causavam ciúmes). Começa a ensaiar seu encontro com a mulher: o que dizer, como aparecer sem assustá-la, mas cada vez que tenta por em prática seus planos, percebe que foi ignorado pela moça. Será uma tática dela, fingir não vê-lo? Ignorá-lo? 
Após muitas e muitas frustrações como essa, começa a se indagar se essas pessoas podem vê-lo, se não estaria ficando louco, se por ventura estava invisível. 
Frustrado, curioso, nosso personagem começa a escutar e a investigar o que aquelas pessoas dizem, o que fazem ali. Descobre, então, o invento de Morel. Morel, sem que as pessoas saibam, submeteu seus amigos à sua invenção que consistia em eternizá-los em seus cinco sentidos, naquele momento em que estavam na ilha (uma semana), por meio de uma máquina inventada que "fotografava-Filmava-Copiava" aquelas pessoas (porém, sem suas alma e consciência). Eles permaneceriam "vivendo" aquela semana "eternamente". 
Ao descobrir a invenção, o homem percebe então, o motivo de não poder ser visto e nem de interagir com sua amada. Nem mesmo poderia procurá-la em seu país de origem, pois estava morta. Sem motivos para viver, decide então, gravar-se nessa máquina inventada por Morel, em momentos próximos a ela, como se fingisse intimidade a ela, definindo assim, sua eternidade: próximo da mulher amada. Mas aflito, deixa por escrito antes que morra, uma súplica: que se alguém algum dia viesse a inventar uma máquina melhor do que a de Morel, que fizesse com que Fantine tivesse consciência dele na eternidade.


Adolfo Bioy Casares, argentino, escreveu esse livro aos 26 anos, e foi publicado na década de 40. Definitivamente uma obra à frente de seu tempo. Em poucas páginas ele aborda sobre a solidão, sobre os limites da ciência, sobre o desejo incansável do homem em se "eternizar" aqui na terra, o medo de morrer e deixar findar os amores e a vida que aqui se teve.  A aflição da solidão assola o personagem, que não consegue interagir com ninguém ali da ilha. Sem comunicação, sem o toque, sem um olhar de nenhuma daquelas "representações" de pessoas que um dia viveram com corpo e alma, e hoje, através da invenção de Morel, representam infinitamente, dia após dia, a mesma semana, mas sem terem consciência disso. Apenas existem, tranquilas, naquele momento que chamam de "eternidade".

Um trecho do livro que, em minha opinião, melhor representa a ideia que o autor quis passar com essa ficção e que faz refletir:
"A eternidade rotativa pode parecer atroz para o espectador; é satisfatória para seus membros. Livres de más notícias e de doenças, vivem sempre como se fosse a primeira vez, sem recordar as anteriores. De resto, graças às interrupções impostas pelo regime das marés, a repetição não é implacável. [...] Pode-se pensar que a vida é como uma semana dessas imagens e que volta a se repetir em mundos contíguos." [p. 71]
Valeu a leitura!
Até a próxima.

domingo, 28 de agosto de 2016

Comentários sobre o Livro Maus - Art Spiegelman



Eis que alguém pergunta:
"Você está lendo esse livro, Rafaela?"
"Sim. Estou quase acabando e quase chorando. É maravilhoso!"
"Como pode alguém chorar assim, com um quadrinhos preto e branco?"

Maus, o quadrinhos que todo mundo deveria ler. Quando o assunto é guerra, holocausto, nazismo, há os diários, os relatos, os livros de história, os romances baseados em fatos reais, os filmes que colocam em movimento um período tão obscuro da história. Uma infinidade de livros tratam esse assunto, mas nunca pensei que uma HQ pudesse representar tão perfeitamente o sofrimento, os sentimentos, a luta pela sobrevivência como esse quadrinhos que Art Spiegelman foi capaz de criar.
Inspirado na história de seu próprio pai, sobrevivente de Auschwitz, os judeus foram retratados como ratos,os alemães gatos, os poloneses porcos, os americanos cachorros. E os sentimentos, ah, esses, tão humanos!
Fiquei encantada com o sotaque que ele deu para o pai, com os traços dos desenhos, com o vai-vem de uma memória que precisou conviver com um passado tenebroso, com perdas imensas e irreparáveis. E assim foram muitas vidas. E assim foi o holocausto judeu. Assunto inesgotável e, até hoje, em minha cabeça, incompreensível.
Vale a pena cada página, mas já adianto: muitos apertos no coração serão sentidos, tarja preta para os cardíacos!

domingo, 14 de agosto de 2016

Dia dos Pais e indicação de filme

Domingo, dia dos pais. Mais um que passo longe do meu, separada pela distância física. Pais, são tantos tipos. Existem aqueles presentes, amáveis e que dão o sangue desde sempre. Os que não chegam a conhecer seus filhos, por muitos motivos. Os que conhecem mas que partem, por vontade ou não. Não era planejado, mas por "acaso", vendo o Menu do Netflix, escolhi o filme "Não olhe para trás", com o excelente Al Pacino. 


A escolha foi despretensiosa, e a sinopse me prometeu um filme sobre astro de rock, drogas, e uma carta de John Lennon que chegou um pouco tarde, 40 anos depois de escrita. Não achei que a história iria se desenvolver ao campo de relação entre pai e filho e, UAU, esse filme me surpreendeu demais e acabou sendo uma ótima escolha e indicação para o Dia dos Pais.

Inspirado em fatos reais, o filme conta a vida de Danni Collins, que viveu aquela clássica vida de astro, dinheiro, fama, drogas, e acabou não sendo leal com sua música, com si próprio e com suas escolhas. Teve um filho que nem sequer conheceu e, de presente de aniversário do seu amigo e empresário, recebe uma carta, escrita por John Lennon e Yoko para ele no início de sua carreira. E a semente está lançada!

Nem todos os pais são pais desde o primeiro dia. Há pais que infelizmente não se sentem preparados para tamanha responsabilidade, ou que simplesmente não puderam ou não quiseram. Mas é tarde para mudar isso? Uma carta que chega 40 anos de atraso, trazendo reflexões, é tarde para causar mudanças?

Não se assim for sua vontade. Não se fores persistente. Não é, ou não deveria ser tarde para pais que decidem assumir seu papel. Pode haver raiva, ressentimento, e muitas dificuldades no caminho, mas enquanto houver a consciência da brevidade da vida e do agora como única certeza, o perdão pode vencer. 

Achei nesse site a carta original que inspirou o filme. Ela foi bastante modificada no roteiro, mas continua sendo uma preciosidade.


“Caros Steve Tilston & Richard Howell Ser rico não muda a sua vida no modo de pensar. A única diferença basicamente é que você não precisa se preocupar com dinheiro – comida – teto – etc, mas todas as outras experiências – emoções – relacionamentos – são os mesmos que os de qualquer um. Eu sei, já fui rico e pobre, assim como Yoko (rica – pobre – rica) então o que você acha disso?
Com amor, John & Yoko
(tradução do site Vishows)


sábado, 13 de agosto de 2016

Maratona Literária de Férias

Oláaaaa!

Os canais literários do youtube Pronome Interrogativo, Nuvem Literária, Literature-se e Dear Maidy lançaram a Maratona Literária de férias, que acaba agora dia 14 de agosto. Mesmo não estando de férias, resolvi participar. 

Esses foram os livros que selecionei:




Confesso que participando da Maratona acabei lendo um pouco menos de páginas/livros que estou acostumada a ler em um mês, Desses livros acima, o único que não li foi o do Patrick Modiano.

Retalhos - Craig Thompson: UAU, que quadrinhos lindo! Não estava acostumada a ler quadrinhos desde a infância, quando lia A Turma da Mônica. E confesso que essa obra me deixou bastante "faminta" para ler outros livros nesse estilo. Retalhos é uma história autobiográfica, onde o autor conta sobre sua infância, o meio extremo religioso em que cresceu, e como esse contexto o influenciou em seu crescimento. Os traços e desenhos são lindos, assim como a história é apaixonante. Premiado, sensível e devorador.

Assassinatos da Rua Morgue e Outras Histórias: Edgar Allan Poe: Poe realmente é o mestre da escrita de suspense/Terror/Policial. Contos muito bem selecionados e impactantes. Adorei e quero ler mais coisas do autor. 

O Veneno da Madrugada - Gabriel Garcia Marques: Selecionado pelo clube de leitura que participo em minha cidade, Veneno na Madrugada é um livro não muito conhecido do Gabo. Infelizmente a leitura não atingiu minhas expectativas para com o autor (que possui livros ótimos!). A história se passa em um vilarejo no qual começam a aparecer pasquins nas portas das casas, ou seja, jornais anônimos com fofocas sobre a vida das pessoas, e o rebuliço que isso vai causar no dia-a-dia do local. Faltou uma pitada ou uma colher cheia de tempero para deixar a história boa, desculpa Gabo. 

Todos adorávamos caubóis - Carol Bensimon: Já escrevi sobre o livro aqui no blog, e volto a afirmar, devorei e amei a narrativa da Carol.

Fazes-me falta - Inês Pedrosa: Também já comentei aqui no blog sobre o livro. 

O diário de um mago - Paulo Coelho: O autor relata sua peregrinação pelo caminho de Santiago de Compostela, mesclando e envolvendo elementos místicos e espirituais nos dias que passou por lá. A narrativa é simples, e o que mais me chamou a atenção é o fascínio e o desejo que tenho de visitar e peregrinar por aquelas terras. 

E que venham mais leituras :)

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Lendo Paulo Coelho, sim

Quem nunca ouviu alguém dizendo que Paulo Coelho não é literatura, que não tem qualidade literária, que isso e aquilo... ?
Sim, já ouvi muita gente falando coisas assim, mas peraí. Não é ele considerado o brasileiro mais lido do mundo? 
Como não havia lido nada do autor, resolvi me aventurar pelo livro O Diário de um Mago. Escolhi esse livro pois foi o primeiro livro do autor, mas principalmente porque narra a sua tragetória pelo Caminho de Santiago de Compostela (assunto que me fascina)! Esse livro, diferente de outros do autor - que são considerados romances literários - é mais classificado como uma Biografia, Autobiografia aliás, com um quê de ocultismo.




Acredito que tenha lido em um livro sobre 500 grandes escritores que o motivo pelo qual Paulo Coelho é tão polêmico está relacionado com o quê de misticismo e exoterismo que tem suas obras. 
Na minha opinião, hoje em dia é permitido se escrever sobre tudo, e com infinitas possibilidades de estilo e forma para se contar a mesma história. Acontece que nenhum escritor é igual ao outro. Alguns possuem um estilo incrivelmente marcante, único e sensacional! Outros podem não ter linguagens tão rebuscadas, mas chamam a atenção por sua temática, ou pelo marketing pessoal, enfim, por outros motivos. O fato de Paulo Coelho escrever sobre a busca de sentido para a vida, sobre esperança e crenças, pode ter sido sua chave para o sucesso. Nem sempre a melhor escrita é a mais aclamada pelo povo. Aliás, vemos que isso geralmente é inversamente proporcional. Lembrei agora de Augusto Cury, conhecido pelas suas obras de psicologia e Autoajuda, mas que também se aventurou em escrever alguns Romances Literários, como O vendedor de sonhos. Sim, seus romances são carregados com seu estilo de Autoajuda, mas não deixam de ser histórias contadas sobre a forma de literatura. 
Ainda não terminei de ler o livro, e sei que gostar ou não de um escritor, é um direito de cada leitor.  Mas penso que ficar discutindo o que é ou não literatura não leva ninguém a lugar nenhum. Ficar julgando se um escritor é digno ou não de suas conquistas, de ter chegado onde chegou apenas reflete a incapacidade de ser igual a ele. Por que não ficar feliz por um brasileiro que fez grande sucesso mundo afora? Por que não ficar feliz por as pessoas estarem lendo mais? Ler, independente do que seja, amplia nossos horizontes, nos faz querer conhecer cada vez mais, nos aprofundar nas infinitas possibilidades que o mundo das letras pode proporcionar.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Comentários sobre o livro: "Fazes-me falta", de Inês Pedrosa






Fazes-me falta é um livro narrado por duas vozes: um homem e uma mulher que se amaram. Amaram-se no passado pois a mulher morreu jovem, aos 37 anos, e o que restou são essas vozes: ele como sobrevivente e que sente a falta dela, ela agora sem corpo, mas que permance vendo tudo. Os capítulos se alternam entre ele e ela (ambos sem nome, ele a chamava de Sininho), a pensar no passado, no que viveram, no que não puderam ser um para o outro. Traz as crenças, as convicções, as manias de cada um, as lembranças do passado. Apesar de não estarem mais juntos, com a morte dela, ambos se vêem interligados, formando um grande elo difícil de ser quebrado ou superado. A morte trouxe a sensação de impotência, de erro, de não ter feito o melhor enquanto havia tempo, fazendo parecer todas as coisas que os separaram em vida apenas bobagens.

Este romance português é escrito em uma prosa poética, densa, com muitas palavras e expressões típicas do português de Portugal, portanto, de difícil avanço. Li várias críticas falando bem do livro e da escrita de Inês Pedrosa. Sim, ela é uma escrita bela e um tanto rebuscada, mas não me fisgou muito, fiquei me arrastando para terminar a leitura. Mas é interessante que se conheça a autora e esse estilo de narrativa, foge dos clichês romanticos de senso comum. Ou talvez era eu, que li no momento errado da vida; sabe como é, os livros são sempre diferentes em cada momento que o lemos, não que eles mudem, mas somos nós quem mudamos e o lemos com outros olhos.

Uma pequena amostra do que o livro reserva a seu leitor:


"A dor precisa de um corpo. Limites de pele, unhas, ranho, suor. A incapacidade de sair, a coragem irremediável de viver o tempo. Paciência, peso, cérebro ardendo."

 "Sempre fui nostálgica, sobretudo do que não chegou a acontecer. Dos deslumbramentos a haver. Concentra-te na felicidade, para que eu possa existir nela ainda contigo."

"Quando tu vivias, eu podia acreditar na alma, lama, mala interestelar, o caraças que tu quisesses. Porque a gente olhava para ti e via essa coisa transparente e firme, esse nó de sangue, secreções e luz a pulsar como um farol. [...] Fazes-me falta, merda - já te disse?"

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Comentários sobre o livro "Todos nós adorávamos caubóis"






Esse livro foi, sim, escolhido pela capa. Eu amei essa capa. E amo os livros da Companhia das Letras. Então já foi suficiente para começar a leitura, e as 192 páginas foram devoradas em dois dias. 

Todos nós adorávamos caubóis é uma road novel, ou seja, uma história que se passa em uma viagem, escrita pela Carol Bensimon. Se você já assistiu Thelma & Louise vai saber do que eu estou falando.  Cora (a narradora) e Júlia finalmente conseguem realizar um sonho de anos atrás: viajar por cidadezinhas "nada interessantes" do interior do Rio Grande do Sul. 
A narrativa alterna o presente (a viagem) e o passado entre as duas garotas, que se conheceram na faculdade, tiveram um relacionamento e acabaram se separando por circunstâncias e escolhas da vida.  Algum tempo depois, elas voltam a se falar e combinam a tão sonhada viagem, sem saber o que ela pode reservar para as duas, que já não tinham mais contato.

A maneira como a Carol Bensimon escreve é deliciosa, e transforma uma história simples em algo a ser deleitado. A temática entre um relacionamento homossexual entre duas mulheres também era algo incomum nas minhas leituras (não me recordo de ter lido algum livro que tratava sobre, exceto A cor púrpura, leitura que comecei e não finalizei). O livro vai se desenvolver ao redor do conflito psicológico da nossa narradora Cora, seus medos, sentimentos e inseguranças; suas atitudes e formas de lidar com a vida e com as situações. Além de fornecer a nós, leitores, belas descrições dos lugares por onde passam essas duas viajantes em busca de um resgate ao passado, em busca de um possível futuro?

Recomendo a leitura e a escritora, que em 2012 foi selecionada como uma dos 20 melhores jovens escritores brasileiros, de acordo com a revista britânica Granta.



domingo, 10 de julho de 2016

Filme: Em nome de Deus


Mais um filme assistido no nosso queridinho Netflix. Em nome de Deus é daqueles filmes que revoltam, que questionam, que amargam. Quantas atrocidades foram feitas em nome de Deus? 
Essa história se passa na década de 60, na Irlanda, e conta a vida de quatro mulheres que foram levadas a um convento por seus familiares, a fim de purificar suas almas. Qual o crime/pecado delas?
Margaret foi estuprada por seu primo em uma festa de casamento (SIM, esse foi seu pecado, ser vítima de estupro)! Bernadette morava em um orfanato, e foi levada a esse convento por representar um perigo para os homens por sua beleza e seus modos. Rose e Crispina: mães solteiras. Lá, nesse lugar, elas eram obrigadas a obedecer em tudo as "irmãs religiosas", a trabalharem como escravas lavando e passando roupas, tudo isso sem dizer uma palavra, sem conversar umas com as outras durante o trabalho ou refeições, sofrendo humilhações e castigos físicos e psicológicos. E sim, os próprios pais as levavam para esse lugar, por terem envergonhado a família por seus pecados, e as abandonavam lá, sem considerá-las mais como filhas. 
O filme se baseia em fatos reais, estima-se que cerca de 30 mil mulheres na Irlanda tenham sido levadas a locais como esse, mantidos por religiosas da Igreja Católica, e apenas na década de 90 esses lugares foram abolidos. 
Freiras, carrascas, zombeteiras, religiosas que se aproveitam da sua posição na sociedade cega para fazer coisas em Nome de Deus, mas coisas que o próprio Deus da religião cristã jamais aprovaria. Como medir tamanha hipocrisia? 
Como aceitar uma sociedade que pune as mulheres, por serem motivo da perdição dos homens, pois são fracos? E então, elimina-se o mal pela raiz: tira-se do caminho essas mulheres que são motivos de perdição das almas dos homens, e assim, salvam-se todos. Escravizam-nas e colocam-nas nos mais cruéis sofrimentos, desumanizando essas vidas. 
Sou cristã, e continuo sendo. E sei que é triste demais ver tantas coisas inaceitáveis na história de uma religião. Mas acredito e espero acreditar que isso não tenha a ver com religião, que isso tenha a ver com pessoas ruins que se utilizam de máscaras e posições sociais para praticar suas maldades. Em todas as religiões existem coisas inaceitáveis: vemos aos montes extremistas islâmicos que matam em nome de Alá. E o islamismo é ruim por conta disso? Não. Penso que a intenção e a essência das religiões seja o amor (pelo menos Jesus Cristo pregou o amor acima de tudo). Mas muitos homens insistem em fazer coisas terríveis em nome de Deus, como se Deus brincasse de xadrez, onde nós fôssemos as peças. 
Filmes assim nos levam a pensar sobre o que é aceitável. Sobre como devemos olhar as aberrações feitas no passado e lutar para que elas não se repitam. 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Comentários sobre o livro "A obscena senhora D", de Hilda Hilst

O que falar dessa leitura?



A senhora Hillé, ou senhora D, D de Derrelição (abandono, como a chamava seu amado Ehud) é uma mulher de uns sessenta anos com uma boca suja e tanto, que eu A-D-O-R-E-I. 

A narrativa é construída pelo fluxo de consciência da Senhora D. em um ritmo frenético. Louco. Com diálogos com o amante/marido? morto, com os vizinhos que a odeiam, com mais alguém na sua casa que não nos é dado conhecer. Apesar de curto, o livro é denso, visceral. A vida, para ela:

                     "foi uma aventura obscena, de tão lúcida"

Senhora D., que habita o vão da escada de sua casa, nos faz entrar nesse seu estranho mundo de diálogos com o defunto sobre o passado, sobre a vida, sobre Deus e os mistérios de sua existência, sobre sexo... E tudo nos leva a crer que perdeu a lucidez? Mas será mesmo? Perdeu a lucidez ou perdeu a vontade do agora? Perdeu-se no passado e nas recordações? Perdeu-se na fé, na nostalgia do sentir? Perdeu-se nas perguntas sem respostas?

Ehud, sempre querendo que Hillé lhe preparasse uma xicara de café. Hillé sempre ocupada com sua lingua frenética, com suas perguntas incessantes. 


“Senhora D, a viva compreensão da vida é segurar o coração. me faz um café.”


Desconfortável, atingida pela escrita pontiaguda de Hilda Hilst, foi como me senti ao terminar este livro. E já com vontade de fazer uma releitura, é tanto para absorver nessa pequena-gigante edição da Coleção da Folha, com 52 páginas da mais pura qualidade.
E fica um gostinho:


 “Por que o ouro é ouro? Por que o dinheiro é dinheiro? Por que me chamo Hillé e estou na Terra? E aprendi o nome das coisas, das gentes, deve haver muita coisa sem nome, milhares de coisas sem nome, e nem porisso elas deixam de ser o que são, eu se não fosse Hillé seria quem? Alguém olhando e sentindo o mundo.”



domingo, 3 de julho de 2016

Tag 50%

Metade do ano já se foi, e aqui vai um pequeno balanço das leituras realizadas, por meio da TAG 50%, criada pelo canal Read Like Wild Fire.

01. O Melhor livro que você leu, até agora, em 2016
Admirável mundo novo – Aldous Huxley


02. A Melhor Continuação Que Você Leu até Agora

Não costumo ler livros em série. A única continuação que li foi “Vá, coloque um vigia”, continuação de “O sol é para todos”, da Harper Lee. E foi um tanto quanto decepcionante.


03. Um Lançamento do Primeiro Semestre que Você Ainda Não Leu, Mas Quer Muito

Menina Má – William March


04. O Livro Mais Aguardado do Segundo Semestre

Sinceramente, não sei quais serão os próximos lançamentos editoriais...


05. O Livro Que Mais Te Decepcionou Esse Ano

O Amante – Marguerite Duras


06. O Livro Que Mais Te Surpreendeu Esse Ano

Vermelho amargo – Bartolomeu Campos de Queiróz




07. Novo Autor Favorito (Que lançou seu primeiro livro nesse primeiro semestre ou que você tenha conhecido nesse período)

João Carrascoza – em “Caderno de um ausente”


08. A Sua Quedinha por personagem fictício mais recente

O Léo, do livro “@mor” e “Emmi & Leo” – Daniel Glattauer



09. Seu Personagem Favorito Mais Recente

John Jacob Turnstile - O garoto no convés – John Boyne


10. Um Livro Que Te Deixou Feliz Nesse Primeiro Semestre

Amor em minúscula – Francesc Miralles



11. Um livro que te fez chorar neste primeiro semestre

A contadora de filmes –Hernan R. L.


12. Melhor adaptação literária que você assistiu até agora

A Festa de Babette – Karen Blixen


13. Qual sua resenha favorita deste primeiro semestre, escrita ou em vídeo

Resenha de Lolita, feita pela Mell Ferraz (Literature-se)



14. O livro mais bonito que você comprou ou ganhou nesse ano

O tigre branco – Aravind Adiga



15. Quais livros você precisa ou quer muito ler até o final do ano.

Váaaaarios, tipo:
- Os pescadores – Chigozie Obiama
- Almoço nu – William S. Burroughs
- Stoner – John Williams
- Vozes de Tchernobil – Svetlana Alexievich
(esse ainda não tenho, estou aceitando de presente, rs)

É isso, um grande abraço!!!

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Sugestões Netflix

Sabe aquela vontade de assistir um filme gostoso? Embaixo das cobertas, com direito a pipoca e chocolate quente? Aí você liga o Netflix e fica perdido no meio de tantas opções?

Pois aqui vão duas indicações de filmes que eu gostei muuuuuito!


A vida de outra mulher (2012)


Um filme francês, claro! Com a incrível Juliette Binoche, ele vai contar a história de uma mulher que um dia acorda sem se lembrar dos últimos 15 anos de sua vida. Fica surpresa em descobrir que teve um filho, que está enfrentando o término do casamento, que se tornou uma empresária bem sucedida, entre outras coisas que eu vou deixar pairando no ar... É um filme para refletir sobre as atitudes que estamos tomando hoje: para onde elas vão nos levar? Será que o meu EU de agora vai se sentir feliz e orgulhoso com o EU de daqui 15 anos?


O que nós fizemos no nosso feriado (2014)


Sinopse do Filmow: Doug e Abi estão levando seus três filhos em uma viagem para a Escócia para uma grande reunião de família. Eles estão no meio de um divórcio difícil, e pediram às crianças para mantê-lo em segredo do restante da família.  Porém uma mudança inesperada dos acontecimentos acaba trazendo outros problemas à tona e obrigando a família a colocar de lado suas diferenças e trabalhar juntos sob o risco de perder o que mais lhes importa.


Eu definiria esse filme como uma tragicomédia.
Se estiver afim de dar risada e de leveza, esse é o filme. Apesar de tratar temas como divórcio, e outros (que se dissesse aqui seria Spoiler), ele o trata de maneira leve...
Mostra a simplicidade e a pureza do coração das crianças, dando um baita chacoalhão nos adultos que se prendem a tão pouco.


Um amorzinho de filme que vale a pena ser assistido <3







segunda-feira, 27 de junho de 2016

Releituras e superação de traumas: Menino de Engenho - José Lins do Rego

Oláaaa meus queridos!!! 

Hoje eu vou contar um pouquinho pra vocês de como foi reler um livro que era leitura obrigatória na quinta série e que me traumatizou bastante, me afastando por algum tempo da literatura. Fui voltar a gostar mesmo de ler somente na oitava série.
Não sou acostumada a reler livros, pois acredito que há tanto no mundo para ser apreciado, mas esse livro me causou tanto estranhamento, que 15 anos depois a coragem e a curiosidade bateu, e esse enfrentamento pôde me mostrar o quanto mudamos e evoluimos ao longo da vida. 

Esse livro é O Menino de Engenho, de José Lins do Rego.



Vou colocar em tópicos algumas das importantes temáticas que consegui destacar! (mas tem muito, muito mais para se extrair desse livro).

Imaginário popular (Lobisomens, espíritos...)
O livro faz referência à crenças populares como a existência de lobisomens. No decorrer da narrativa, os espíritos de mortos se tornam mais assustadores que os lobisomens, presentes para assombrar os vivos.

Contação de histórias, fascínio e arte
 Velha Totônia era uma senhora que percorria os engenhos do nordeste contando suas histórias que fascinavam os meninos, principalmente Carlinhos (que mantinha os olhos vidrados e o coração aberto para as narrativas da velha, narrativas feitas com maestria). Verifica-se a presença da oralidade na sociedade, da contação de histórias com fonte de cultura, de lazer e de perpetuação das histórias.

Vida em contato com a natureza
Enquanto relia Menino de Engenho, pude ser grata por entender como é a vida em contato com a natureza (não naquela época e nem naquela região do país, mas com a natureza em si). Muitas crianças que leem esse livro nos dias de hoje não sabem e não podem imaginar como pode ser bom sentir o gosto de uma fruta colhida no pé, montar em um carneiro, correr com os pés descalços no barro.

Engenhos de açúcar e história do Brasil
O livro retrata um período histórico do Brasil colônia, assim como o regime escravocrata, narrando sua história no Nordeste do país. Também conta que após a abolição da escravatura, a maioria dos escravos continuavam com seu status quo, ou seja, continuaram a trabalhar para seus patrões, em troca de ter um moquifo onde dormir e o que comer. Retrata o clima nordestino, as secas, as enchentes, a dominação do homem branco sobre o homem negro. Isso classifica essa literatura como um ótimo complemento para as aulas de história (o que explica a leitura obrigatória nas escolas...).

Perdas e Tristeza
A perda estava muito presente na vida do menino de engenho, o Carlinhos. Aos 4 anos teve que lidar com a morte da mãe. Depois com a morte de uma prima com a qual se afeiçoou, e posteriormente com o casamento e partida de sua nova "mãe", a Tia Maria. Tantas perdas provocavam uma profunda tristeza em Carlinhos, que passava horas sozinho no engenho, com seus pensamentos enrolados em todos esses sentimentos. Era um menino pensativo, melancólico, que sofria de asma (será que tal doença não poderia ser a tristeza refletindo no corpo do menino?).

Tipos de conhecimento
Carlinhos parte tarde para um colégio internato, aos 12 anos, sabendo pouco das letras, dos números e das matérias ensinadas na escola. Porém, com um vasto conhecimento de mundo, adquirido em sua vida no engenho.


Após terminar a leitura, parti para uma reflexão dos possíveis motivos por eu ter traumatizado com o livro aos 10 anos. Penso que pode ser pelo vocabulário regional específico do nordeste, da época e dos engenhos (mesmo que ao final do livro tenha um glossário com várias das palavras difíceis encontradas). A linguagem não é muito comum e facilitada para a idade em questão, e a história não é divertida para agradar crianças, é uma história realista, com temas mais pesados sobre a vida e o despertar da sexualidade e do crescimento como pessoa.
Valeu muito a pena a releitura. Viva o menino de engenho e as segundas chances :)