domingo, 10 de julho de 2016

Filme: Em nome de Deus


Mais um filme assistido no nosso queridinho Netflix. Em nome de Deus é daqueles filmes que revoltam, que questionam, que amargam. Quantas atrocidades foram feitas em nome de Deus? 
Essa história se passa na década de 60, na Irlanda, e conta a vida de quatro mulheres que foram levadas a um convento por seus familiares, a fim de purificar suas almas. Qual o crime/pecado delas?
Margaret foi estuprada por seu primo em uma festa de casamento (SIM, esse foi seu pecado, ser vítima de estupro)! Bernadette morava em um orfanato, e foi levada a esse convento por representar um perigo para os homens por sua beleza e seus modos. Rose e Crispina: mães solteiras. Lá, nesse lugar, elas eram obrigadas a obedecer em tudo as "irmãs religiosas", a trabalharem como escravas lavando e passando roupas, tudo isso sem dizer uma palavra, sem conversar umas com as outras durante o trabalho ou refeições, sofrendo humilhações e castigos físicos e psicológicos. E sim, os próprios pais as levavam para esse lugar, por terem envergonhado a família por seus pecados, e as abandonavam lá, sem considerá-las mais como filhas. 
O filme se baseia em fatos reais, estima-se que cerca de 30 mil mulheres na Irlanda tenham sido levadas a locais como esse, mantidos por religiosas da Igreja Católica, e apenas na década de 90 esses lugares foram abolidos. 
Freiras, carrascas, zombeteiras, religiosas que se aproveitam da sua posição na sociedade cega para fazer coisas em Nome de Deus, mas coisas que o próprio Deus da religião cristã jamais aprovaria. Como medir tamanha hipocrisia? 
Como aceitar uma sociedade que pune as mulheres, por serem motivo da perdição dos homens, pois são fracos? E então, elimina-se o mal pela raiz: tira-se do caminho essas mulheres que são motivos de perdição das almas dos homens, e assim, salvam-se todos. Escravizam-nas e colocam-nas nos mais cruéis sofrimentos, desumanizando essas vidas. 
Sou cristã, e continuo sendo. E sei que é triste demais ver tantas coisas inaceitáveis na história de uma religião. Mas acredito e espero acreditar que isso não tenha a ver com religião, que isso tenha a ver com pessoas ruins que se utilizam de máscaras e posições sociais para praticar suas maldades. Em todas as religiões existem coisas inaceitáveis: vemos aos montes extremistas islâmicos que matam em nome de Alá. E o islamismo é ruim por conta disso? Não. Penso que a intenção e a essência das religiões seja o amor (pelo menos Jesus Cristo pregou o amor acima de tudo). Mas muitos homens insistem em fazer coisas terríveis em nome de Deus, como se Deus brincasse de xadrez, onde nós fôssemos as peças. 
Filmes assim nos levam a pensar sobre o que é aceitável. Sobre como devemos olhar as aberrações feitas no passado e lutar para que elas não se repitam. 

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