quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Balanço das leituras de 2016

Olá pessoal, olha eu sumida aqui! Vim fazer uma breve postagem sobre as leituras do ano de 2016, e aproveitando o embalo vou dar umas dicas de série e filmes que assisti nesse ano e que gostei bastante. 

Fiz uns gráficos que caracterizam um pouco as leituras que fiz esse ano, vamos me acompanhar?


Gráfico 1 - Esse gráfico diz um pouco sobre os gêneros literários dos livros que li, com forte predominância dos romances (lembrando que um romance não diz respeito a livros românticos, que são coisas distintas)


Gráfico 2 - Esse gráfico mostra a quantidade de livros que li em cada mês do ano, sendo que abril foi o mês com a maior quantidade de livros lidos, e dezembro a menor quantidade.





Gráfico 3 - Com relação à nacionalidade dos autores lidos, o Brasil ganha disparado com 41 livros lidos, seguido dos EUA (15), e França e Inglaterra(6)



Gráfico 4 - Esse gráfico mostra a procedência do livro lido, com as opções de Biblioteca, Internet (Download), Próprio ou emprestado; com predominância dos livros próprios (39%), e logo em seguida com livros da biblioteca (38%)



Gráfico 5  - Gênero dos autores, infelizmente li muito mais autores homens do que mulheres, mas pretendo reverter essa situação nos próximos anos.




Gráfico 6 - Suporte de leitura: ebooks x livro físico. Sendo que 80 % das leituras foram em livros impressos, e apenas 20% em ebooks,







LISTAS
(Não há uma ordem certa, então não necessariamente o item que estiver me primeiro será realmente o primeiro lugar. A ideia aqui foi destacar algumas obras de arte que ganharam meu coração.

TOP 10 Leituras:
1 - Admirável mundo novo - Aldous Huxley
2 - O vôo da guará vermelha - Maria Valéria Rezende
3 - A festa de Babette - Karen Blixen
4 - Deus é meu camarada - Cyril Massarotto
5 - Maus - Art Spiegelman
6 - Persépolis - Marjane Sartrapi
7 - Todos nós adorávamos caubóis - Carol Bensimon
8 - Vermelho amargo - Bartolomeu Campos de Queiróz
9 - A cabeça do Santo - Socorro Acioli
10 - À noite andamos em círculos - Daniel Alárcon

TOP FILMES assistidos 2016

1 - O quarto de Jack
2 - Palmeiras na neve
3 - E agora, aonde vamos?
4 - A vida dos outros
5 - Thelma e Louise
6 - Em nome de Deus
7 - Entrando na linha
8 - Ela
9 - O físico
10 - Uivo


TOP Séries
1 - Orphan Black
2 - Outlander
3 - The 100
4 - House of cards
5 - Black Mirror
6 - Narcos


É isso aí, muito difícil fazer uma seleção, mas espero que nos próximos anos essa disputa continue ainda mais acirrada por ótimas fontes de cultura :)
Um beijo a todos e até o ano que vem,

domingo, 9 de outubro de 2016

Comentários sobre o livro: "O vôo da guará vermelha"


Boa descoberta ao acaso define bem o encontro com esse livro, que lá da prateleira do sebo me fisgou, piscou pra mim e não teve jeito, levei. Li, amei. A autora tem uma escrita simplesmente maravilhosa, poética, cativante e envolvente. Os dois protagonistas nos cativam com suas histórias, suas realidades. Rosálio e Irene. O primeiro, pedreiro. A segunda, prostituta infectada pela Aids. Características essas simplistas demais para demonstrar a complexidade de cada um. Ambos se encontram um dia. Rosálio precisava de alguém que o ouvisse, e  Irene buscava alguém que a desejasse de verdade. E desde o primeiro encontro, um demonstrou a possibilidade de completar aquilo que faltava no outro. Rosálio sonhava em ler e escrever, desde pequeno, mas a vida foi ingrata com ele sem nunca ensiná-lo. O que ele tinha era amor pelas histórias, e histórias reais e inventadas que faziam completar a vida já sem esperança de pessoas como a Irene. Irene sabia ler e escrever, e pôde realizar o sonho de Rosálio. Quase todos os dias eles se encontravam, Irene o ensinava a escrita e Rosálio a agradecia com suas histórias. E assim a vida cinza dos dois foi ganhando cor, preenchida a cada capítulo por títulos como: cinzento e encarnado, roxo e branco, vermelho e prata, azul e amarelo. Muito bonito de ver como é dado valor na palavra, nas narrativas orais e também nas escritas, em como é possível vidas e mundos inteiros se transformarem com a mágica das palavras. Uma ode à literatura, às histórias e à educação.

Maria Valéria Rezende foi um presente muito bom nesse ano, deixando um gostinho de quero mais com suas palavras:

"Enquanto eu era pequeno, não sabia que era triste a minha vida, nãp imaginava outra e por isso não podia saber da minha desgraça. Pois a desgraça é assim, se a gente não sabe nem fala que ela está ali presente, ela quase não existe e já depois que se disse ainda é preciso tempo, contar tudo muitas vezes, pra poder pegar o jeito de se sentir infeliz."

"não diga tanta besteira que o amor não é assim, o amor é como menino que não sabe fazer contas nem de perda nem de ganho, vive descautelado, não tem lei, não tem juízo, não se explica nem se entende, é charada e susto, mistério. "

"Rosálio atende, contente, o pedido da mulher, porque relembrar sua vida lhe permite reviver, agora sem dor, de longe, as coisas que aconteceram e descobrir seus sentidos, cada vez vendo mais fundo o mundo como ele é."

domingo, 2 de outubro de 2016

Livro: "O coração das trevas"e o filme "Apocalypse now"






O livro O coração das trevas faz parte da coleção da Folha, Grandes Nomes da Literatura. Na semana em que chegou a mim, resolvi fazer a leitura, pois além de ser um livro curtinho (111p.), o autor (Joseph Conrad) foi considerado um dos caras pra se ler antes de morrer. E o resultado foi... que me arrastei bastante nessa leitura, demorei mais do que o planejado, não porque o livro era tão bom que me fizesse querer degustar cada palavra, mas num sentido não tão favorável. Na minha cabeça o autor prometeu tamanho horror em meio à selva, mas enquanto leitora não consegui chegar a esse nível de horror prometido. Então fui procurar o filme para assistir. Depois de muito pesquisar, encontrei em um Sebo da minha cidade. 
Apocalypse now é um filme de 1979, dirigido por Francis Ford Coppola e inspirado no livro O coração das trevas. O que diferencia o livro do filme é que o contexto do livro diz respeito à exploração de marfim e outros no continente africano, já o filme se contextualiza na Guerra do Vietnã. O filme vai contar a história do capitão Willard, que recebe uma missão secreta de encontrar o coronel Kurtz e matá-lo, sob o pretexto deste ter-se utilizado de métodos não humanos para matar, além de estar "descontrolado" psicologicamente. Ao longo de sua viagem em uma pequena embarcação pelo rio Nung, o capitão Willard vê muita insanidade e insensatez na Guerra do Vietnã. Vê tantas coisas horríveis que começa a se questionar sobre o motivo de sua missão para com o coronel Kurtz, que passou a ser considerado um deus pelos montanheses e nativos, que o adoravam e veneravam. 
A premissa do filme e do livro é realmente muito boa, questiona o que é ou não permitido em uma Guerra, o que é normal ou anormal, mostra o horror que o homem é capaz de fazer em um contexto de Guerra, em uma selva em que tudo pode acontecer. E nos faz uma indagação: Kurtz estava louco, insano ao se deixar permitir ser venerado pelos nativos? Seria mesmo ele o louco, esquecendo-se da loucura maior que era a Guerra? O quão irônica poderia ser essa missão que envolve a moral, mas o que é a moral em uma Guerra?
O filme em minha opinião foi bem melhor do que o livro (está aqui uma das exceções em que isso acontece). Mas, ainda assim, em meu míope olhar de leiga leitora e espectadora, faltou algo que eu não sei definir o que é. Mas é uma história que vale a pena ser conhecida. 


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Comentários sobre o livro "Uma, duas" de Eliane Brum



Pode conter SPOILERS!

Uma, duas, romance de estreia da jornalista Eliane Brum. A história permeia a vida de uma mãe (Maria Lúcia) e uma filha (Laura), escrita com letras vermelhas, literalmente e também simbolicamente. O vermelho das letras representa toda a dificuldade que há na relação dessas duas personagens. O livro sangra sentimentos e ressentimentos, sangra raiva, sangra o sangue da filha que se corta desde menina. 
É um livro forte, um livro com cenas pesadas e permeadas de ódio, um livro que me deixou sem fôlego e, muitas vezes, sem palavras, apenas sentindo junto com as personagens. Nos perguntamos ao início qual o motivo de tanto peso nessa relação mãe-filha? Primeiro nos é apresentados os fatos na versão escrita pela filha. Também de um narrador x. E depois a mãe se revela também com sua voz. E aos poucos a história vai abrindo suas cortinas. Uma relação conturbada desde o princípio, mas também uma relação de amor e ódio, algo doentio para quem vê de fora, mas também com certeza para quem está dentro, um mundo de duas que são uma só, que querem MUITO serem libertas, mas não podem, estão presas por um cordão umbilical. 
A escrita tem um papel muito importante para as personagens. A filha decidiu ser jornalista, quem sabe para poder escrever. Escrevia sobre a vida dos outros, mas agora escreve e sangra a sua própria história. A mãe, após descoberta uma grave doença, começa a escrever sobre sua história, antes da filha vir ao mundo. E depois com a filha. E fica bastante claro uma coisa: somos todos vítimas de vítimas, e tentar achar um culpado por quem somos, talvez seja perda de tempo, apesar de fazer sentido.

"O que eu quero dizer é que não é porque a gente não saiba como fazer as coisas do jeito certo que a gente não ame. Eu não sabia qual era o jeito certo de amar, só isso. Como eu poderia? Não, não estou querendo absolvição nem compaixão [...] mas, gostando ou não, eu também sou filha deste mundo."

Livro diferente das histórias comuns, Eliane Brum nos brinda com sua excelente escrita. Recomendo! 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Comentários sobre Persépolis, de Marjane Satrapi


Pode conter Spoilers!

E não é que os quadrinhos estão ganhando meu coração? O final de semana foi dedicado à leitura de Persépolis, da iraniana Marjane Satrapi. Terminada a leitura da HQ, parti para o filme, Obviamente com relação à adaptação, houve algumas mudanças na história, porém não muito relevantes. A essência continuou a mesma, e ambos são maravilhosos e expressivos.

Para contextualizar a história, trago aqui a sinopse que encontrei no site Skoob:

Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa.
Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares.
Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.


Bom, em uma HQ de aproximadamente 350 páginas, e com o tempo de leitura aproximado de três horas, são abordados tantos assuntos que é difícil saber por onde começar. Mas comecemos:

Contexto político e social do Irã: Convenhamos. é muito difícil o entendimento da História dos países do Oriente Médio, do contexto e das guerras que foram e são vivenciadas até hoje. Marjane, nessa HQ quase autobiográfica consegue simplificar um pouquinho para nós a História do Irã, a revolução que teve início em 1979 e o regime xiita que foi implementado no país. Nascida nesse contexto, Marjane vai nos escancarar sua vida e de seus familiares, seu sonho por revolução, por liberdade, e toda a rotina que foi mudada com a Guerra e com o regime xiita. Isso implicou em milhares de mortos, de presos políticos - inclusive familiares próximos - em proibições das mais absurdas para ambos os sexos, mas claro, principalmente, para o sexo feminino. As mulheres foram proibidas de sair de suas casas sem usar um véu na cabeça (e usá-lo da maneira "correta", sem que apareçam nem um centímetro dos cabelos, pois estes chamam a atenção dos homens, podendo levá-los ao pecado!). As escolas separaram meninas de meninos; homens e mulheres não poderiam ser vistos juntos nas ruas, muito menos andar de mãos dadas ou fazer demonstrações de afeto se não fossem casados e não andassem com a Certidão de Casamento para provar isso. Tudo passou a ser feito e ensinado em nome da "fé", do extremismo, usando a vontade de Deus como desculpa para tantas coisas absurdas e abusivas, contrárias à liberdade, esta, já esquecida pelo povo iraniano. Festas e bebidas alcóolicas também foram proibidas, sendo presos quem os fizesse ou mantivesse em suas casas. Além disso, Marjane nos mostra a Guerra e suas consequências, as mentiras contadas pela mídia ao povo, a falta de alimentos nos supermercados, a necessidade de esconderijos subterrâneos que protegessem o povo das bombas e dos ataques aéreos, as milhares de mortes e de mártires da guerra, A pressão e os problemas eram tanto externos quanto internos, e muitas crianças foram separadas de seus pais para tentar viver em outros países em busca de melhores condições. Assim, Marjane foi mandada para a Áustria com apenas 14 anos, sozinha, em busca de um futuro melhor.

Sair de casa e viver longe da família/ na adolescência: Marjane teve essa experiência duas vezes. A primeira quando foi à Áustria, sem ter opção. As condições para uma adolescente no Irã eram péssimas. Marjane se viu sozinha em um país distante, tendo que se virar e fazer amizades. Aos poucos conheceu pessoas, teve namorados, usou drogas, se frustrou, foi expulsa de pensões e moradias, dormiu na rua, conheceu o fundo do poço. Soube voltar para casa, pedindo para que não fizessem perguntas. Receberam-na de braços abertos. Anos depois, quis voltar a viver fora, na França. Preparou-se pra isso, e já sabia que viver longe daqueles que se ama em busca da liberdade tem um preço (um preço alto - em sua despedida foi a penúltima vez que vira sua avó).

Mulheres na sociedade: Vi em uma entrevista com a autora que a intenção dela não era fazer uma história feminista, mas simplesmente contar a sua história. E como ela era mulher, sim, consequentemente mostrou as injustiças que viviam e ainda vivem as mulheres daquele país. Proibidas de mostrar os cabelos, de usar maquiagem, de fazer demonstrações em público, de participarem de festas, de consumir bebidas alcóolicas e por aí vai.


Mulheres, coragem e enfrentamento. Arrasou, Marjane! Já sou sua fã.



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Comentários sobre o livro: A invenção de Morel - Adolfo Bioy Casares

  

 CONTÉM SPOILER!

Um homem fugitivo da Venezuela chega em uma ilha deserta, que contem três construções abandonadas: uma piscina, um "hotel-museu" e uma capela. Quando fica sabendo da existência dessa ilha, lhe informaram que todos que lá estiveram estavam mortos, porém, insistiu. Todo dia, como narra em seu relato, há muito trabalho a se fazer na ilha: buscar alimento, fugir da maré, sobreviver. 
Sua rotina é alterada quando percebe que chegam pessoas nessa ilha, vários turistas. Uma se destaca em seu olhar: a morena Fantine. Nosso personagem começa a espiar secretamente esses visitantes, tentando ao máximo não ser visto. Começa a observar Fantine, solitária em certos finais de tarde, observando o mar. Às vezes, acompanhada de um homem, Morel (tais vezes lhe causavam ciúmes). Começa a ensaiar seu encontro com a mulher: o que dizer, como aparecer sem assustá-la, mas cada vez que tenta por em prática seus planos, percebe que foi ignorado pela moça. Será uma tática dela, fingir não vê-lo? Ignorá-lo? 
Após muitas e muitas frustrações como essa, começa a se indagar se essas pessoas podem vê-lo, se não estaria ficando louco, se por ventura estava invisível. 
Frustrado, curioso, nosso personagem começa a escutar e a investigar o que aquelas pessoas dizem, o que fazem ali. Descobre, então, o invento de Morel. Morel, sem que as pessoas saibam, submeteu seus amigos à sua invenção que consistia em eternizá-los em seus cinco sentidos, naquele momento em que estavam na ilha (uma semana), por meio de uma máquina inventada que "fotografava-Filmava-Copiava" aquelas pessoas (porém, sem suas alma e consciência). Eles permaneceriam "vivendo" aquela semana "eternamente". 
Ao descobrir a invenção, o homem percebe então, o motivo de não poder ser visto e nem de interagir com sua amada. Nem mesmo poderia procurá-la em seu país de origem, pois estava morta. Sem motivos para viver, decide então, gravar-se nessa máquina inventada por Morel, em momentos próximos a ela, como se fingisse intimidade a ela, definindo assim, sua eternidade: próximo da mulher amada. Mas aflito, deixa por escrito antes que morra, uma súplica: que se alguém algum dia viesse a inventar uma máquina melhor do que a de Morel, que fizesse com que Fantine tivesse consciência dele na eternidade.


Adolfo Bioy Casares, argentino, escreveu esse livro aos 26 anos, e foi publicado na década de 40. Definitivamente uma obra à frente de seu tempo. Em poucas páginas ele aborda sobre a solidão, sobre os limites da ciência, sobre o desejo incansável do homem em se "eternizar" aqui na terra, o medo de morrer e deixar findar os amores e a vida que aqui se teve.  A aflição da solidão assola o personagem, que não consegue interagir com ninguém ali da ilha. Sem comunicação, sem o toque, sem um olhar de nenhuma daquelas "representações" de pessoas que um dia viveram com corpo e alma, e hoje, através da invenção de Morel, representam infinitamente, dia após dia, a mesma semana, mas sem terem consciência disso. Apenas existem, tranquilas, naquele momento que chamam de "eternidade".

Um trecho do livro que, em minha opinião, melhor representa a ideia que o autor quis passar com essa ficção e que faz refletir:
"A eternidade rotativa pode parecer atroz para o espectador; é satisfatória para seus membros. Livres de más notícias e de doenças, vivem sempre como se fosse a primeira vez, sem recordar as anteriores. De resto, graças às interrupções impostas pelo regime das marés, a repetição não é implacável. [...] Pode-se pensar que a vida é como uma semana dessas imagens e que volta a se repetir em mundos contíguos." [p. 71]
Valeu a leitura!
Até a próxima.

domingo, 28 de agosto de 2016

Comentários sobre o Livro Maus - Art Spiegelman



Eis que alguém pergunta:
"Você está lendo esse livro, Rafaela?"
"Sim. Estou quase acabando e quase chorando. É maravilhoso!"
"Como pode alguém chorar assim, com um quadrinhos preto e branco?"

Maus, o quadrinhos que todo mundo deveria ler. Quando o assunto é guerra, holocausto, nazismo, há os diários, os relatos, os livros de história, os romances baseados em fatos reais, os filmes que colocam em movimento um período tão obscuro da história. Uma infinidade de livros tratam esse assunto, mas nunca pensei que uma HQ pudesse representar tão perfeitamente o sofrimento, os sentimentos, a luta pela sobrevivência como esse quadrinhos que Art Spiegelman foi capaz de criar.
Inspirado na história de seu próprio pai, sobrevivente de Auschwitz, os judeus foram retratados como ratos,os alemães gatos, os poloneses porcos, os americanos cachorros. E os sentimentos, ah, esses, tão humanos!
Fiquei encantada com o sotaque que ele deu para o pai, com os traços dos desenhos, com o vai-vem de uma memória que precisou conviver com um passado tenebroso, com perdas imensas e irreparáveis. E assim foram muitas vidas. E assim foi o holocausto judeu. Assunto inesgotável e, até hoje, em minha cabeça, incompreensível.
Vale a pena cada página, mas já adianto: muitos apertos no coração serão sentidos, tarja preta para os cardíacos!