Oláaaa meus queridos!!!
Hoje eu vou contar um pouquinho pra vocês de como foi reler um livro que era leitura obrigatória na quinta série e que me traumatizou bastante, me afastando por algum tempo da literatura. Fui voltar a gostar mesmo de ler somente na oitava série.
Não sou acostumada a reler livros, pois acredito que há tanto no mundo para ser apreciado, mas esse livro me causou tanto estranhamento, que 15 anos depois a coragem e a curiosidade bateu, e esse enfrentamento pôde me mostrar o quanto mudamos e evoluimos ao longo da vida.
Vou colocar em tópicos algumas das importantes temáticas que consegui destacar! (mas tem muito, muito mais para se extrair desse livro).
Imaginário popular (Lobisomens, espíritos...)
O livro faz referência à crenças populares como a existência de lobisomens. No decorrer da narrativa, os espíritos de mortos se tornam mais assustadores que os lobisomens, presentes para assombrar os vivos.
Contação de histórias, fascínio e arte
Velha Totônia era uma senhora que percorria os engenhos do nordeste contando suas histórias que fascinavam os meninos, principalmente Carlinhos (que mantinha os olhos vidrados e o coração aberto para as narrativas da velha, narrativas feitas com maestria). Verifica-se a presença da oralidade na sociedade, da contação de histórias com fonte de cultura, de lazer e de perpetuação das histórias.
Vida em contato com a natureza
Enquanto relia Menino de Engenho, pude ser grata por entender como é a vida em contato com a natureza (não naquela época e nem naquela região do país, mas com a natureza em si). Muitas crianças que leem esse livro nos dias de hoje não sabem e não podem imaginar como pode ser bom sentir o gosto de uma fruta colhida no pé, montar em um carneiro, correr com os pés descalços no barro.
Engenhos de açúcar e história do Brasil
O livro retrata um período histórico do Brasil colônia, assim como o regime escravocrata, narrando sua história no Nordeste do país. Também conta que após a abolição da escravatura, a maioria dos escravos continuavam com seu status quo, ou seja, continuaram a trabalhar para seus patrões, em troca de ter um moquifo onde dormir e o que comer. Retrata o clima nordestino, as secas, as enchentes, a dominação do homem branco sobre o homem negro. Isso classifica essa literatura como um ótimo complemento para as aulas de história (o que explica a leitura obrigatória nas escolas...).
Perdas e Tristeza
A perda estava muito presente na vida do menino de engenho, o Carlinhos. Aos 4 anos teve que lidar com a morte da mãe. Depois com a morte de uma prima com a qual se afeiçoou, e posteriormente com o casamento e partida de sua nova "mãe", a Tia Maria. Tantas perdas provocavam uma profunda tristeza em Carlinhos, que passava horas sozinho no engenho, com seus pensamentos enrolados em todos esses sentimentos. Era um menino pensativo, melancólico, que sofria de asma (será que tal doença não poderia ser a tristeza refletindo no corpo do menino?).
Tipos de conhecimento
Carlinhos parte tarde para um colégio internato, aos 12 anos, sabendo pouco das letras, dos números e das matérias ensinadas na escola. Porém, com um vasto conhecimento de mundo, adquirido em sua vida no engenho.
Após terminar a leitura, parti para uma reflexão dos possíveis motivos por eu ter traumatizado com o livro aos 10 anos. Penso que pode ser pelo vocabulário regional específico do nordeste, da época e dos engenhos (mesmo que ao final do livro tenha um glossário com várias das palavras difíceis encontradas). A linguagem não é muito comum e facilitada para a idade em questão, e a história não é divertida para agradar crianças, é uma história realista, com temas mais pesados sobre a vida e o despertar da sexualidade e do crescimento como pessoa.
Valeu muito a pena a releitura. Viva o menino de engenho e as segundas chances :)
Valeu muito a pena a releitura. Viva o menino de engenho e as segundas chances :)
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